Os sinos
Poema de Manuel Bandeira
Sino de Belém,
Sino da Paixão...
Sino de Belém,
Sino da Paixão...
Sino do Bonfim!...
Sino do Bonfim!...
*
Sino de Belém, pelos que inda vêm!
Sino de Belém bate bem-bem-bem.
Sino da Paixão, pelos que lá vão!
Sino da Paixão bate bão-bão-bão.
Sino do Bonfim, por quem chora assim?...
*
Sino de Belém, que graça ele tem!
Sino de Belém bate bem-bem-bem.
Sino da Paixão - pela minha mãe!
Sino da Paixão - pela minha irmã!
Sino do Bonfim, que vai ser de mim?...
*
Sino de Belém, como soa bem!
Sino de Belém bate bem-bem-bem.
Sino da Paixão... Por meu pai?... - Não! Não!...
Sino da Paixão bate bão-bão-bão.
Sino do Bonfim, baterás por mim?...
*
Sino de Belém,
Sino da Paixão...
Sino da Paixão, pelo meu irmão...
Sino da Paixão,
Sino do Bonfim...
Sino do Bonfim, ai de mim, por mim!
*
Sino de Belém, que graça ele tem!
Fonte: "Antologia Poética", Editora Nova Fronteira, 2001.
Originalmente publicado em: "O Ritmo Dissoluto", 1924.