Noite

Imagem de Ronald de Carvalho

Poema de Ronald de Carvalho



No remanso da noite, quem não sente
Uma velha aflição, magoada, imensa?
Quem não abaixa os olhos, de repente,
Cheio de inquietação e de descrença!

Essa tranquilidade funda, algente,
Feita de desengano e indiferença,
Onde os seres se apagam, lentamente,
Quem há que dentro da alma insone a vença?

Nas árvores, nas brumas vaporosas,
Nas pedras rudes, nas planícies erra
A tristeza das coisas silenciosas.

E quanto mais de horror a alma recua,
Mais sombra cai dos ares sobre a terra,
Mais refulge no céu sereno a lua.



Fonte: "Poemas e sonetos", Leite Ribeiro & Mourillo, 1919.
Originalmente publicado em: "Poemas e sonetos", Leite Ribeiro & Mourillo, 1919.




Tecnologia do Blogger.